segunda-feira, 18 de abril de 2011

11 de março, 14:46, o terremoto!

    Quando a televisão mostra as notícias do Grande Terremodo do leste do Japão só se apresentam as imagens devastadoras do Tsunami em Miyagi e Iwatee da pane que isso causou na usina nuclear de Fukushima. Além dos relatos de quem viveu o desastre. Mas muita coisa é exagerada, muitos aumentam o que presenciaram.
    Vivo na província de Ibaraki há quase 20 anos.  Ibaraki esta localizada na região de Kanto, que engloba outras 9 províncias , entre elas Tóquio.  Desde que aqui cheguei os japoneses comentavam que essa era uma região segura por não ter grandes abalos sísmicos e estar praticamente fora da rota dos tufões. Também não existe nenhum vulcão.  Mas tudo isso mudou no dia 11 de março.
    Sempre acreditei no que falavam e desde a minha primeira vez em um terremoto nunca senti medo. Era apenas uma balançadinha , simples, muitas vezes quase impercepível.  Muitas foram as vezes que nem sequer me levantei durante a noite para ficar atento durante um tremor. Sempre foi so uma tremidinha.
    No dia 11 estava no meu apartamento , no terceiro andar , pois estava de folga no trabalho. Um dia como outro qualquer. Até as 14:46 quando começou o terremoto.  De ínicio foi como toda vez, estava sentado assistindo a um vídeo no computador e o tremor ficando cada vez mais forte.  Me levantei e corri para segurar meu aquário , pois há 5 anos quando o epicentro foi em Niigata, aqui também tremeu com relativa força e quase derrubou-o. Se o aquário tombasse, teria que arcar com os prejízos que a água causaria no apartamento do segundo andar. Era a única preocupação que eu tinha na hora!
    Mas dessa vez era diferente, foi além de tudo que eu poderia imaginar.  A cada segundo o tremor ficava muito mais intenso.  O barulho que o terremoto gerava era uma coisa assustadora. O predio balançava de um lado para o outro, num movimento horizontal. Os móveis se moviam e tudo que estava sobre eles começou a despencar no chão.  Minha única reação nesse momento foi entrar debaixo da mesa para proteger a cabeça dos objetos que caiam. Não houve nem tempo para pensar em sair do apartamento e descer as escadas.  Fiquei ali, debaixo da mesa, estático.  Com medo, um sentimento de impotencia.  A sensação é estar num daqueles brinquedos radicais de parque de diversão, mas não tem nenhum controlador para parar aquilo.
    Eu tinha duas vistas á partir do local que estava.  Um era o canto superior do quarto , parecia que aquilo iria despencar a qualquer momento. A outra era o predio em frente ao meu. Vi uma mulher sair pela porta e tentar descer as escadas, mas não deu.. Ela se agarrou a grade de proteção e so largou quando parou o primeiro tremor!  O terremoto foi intenso que voce perde o equilibrio, parece estar bebado. E isso não passa durante dias.
Quarto da minha filha
     Foram os 3 minutos mais longos da minha vida! Não posso dizer que escapei da morte porque não estive tão perto dela assim.  Mas posso dizer que tenho sorte por não ser soterrado . Ainda bem que as casas japonesas obedecem um rigiso controle de segurança.
    Quando acabou o primeiro tremor,  peguei os passaportes da familia, as cadernetas de banco e desci ate o estacionamento. Fiquei dentro do carro tentando telefonar para minha esposa e filha, mas era dificil completar a ligação. Foram quase 15 minutos até conseguir contactar minha filha e saber q estava tudo bem. logo depois consegui conversar com minha esposa!
Cozinha
    Parecia tudo calmo e resolvi subir e tirar a televisão de cima do rack. Atitude irracional.  Não tive nem tempo de desconectar  o primeiro fio que eu segurei.  Comecou o segundo grande tremor, dessa vez com epicentro em Ibaraki.  Corri o máximo que pude.  Do estacionamento dava pra ver o predio balançando como se fosse gelatina. Os postes pareciam de borracha tamanha era a vibração neles.
Asfalto destruido

   Na cidade onde moro, não houve vitimas, mas muitos telhados e muros foram ao chão.  O asfalto rachou, ficamos quase 3 dias sem agua e energia eletrica. O único meio de comunicação era o celular , quando esse funcionava.  E ainda tinhamos que entrarem contato com os parentes do Brasil, informar que a gente tava inteiro.
   Depois disso, ainda ocorreram diversos tremores. Nem nos arriscamos a dormir em casa.  Dormir no carro em terreno aberto foi a solução encontrada. Um frio terrível, quase 0 graus durante a madrugada, porém muito mais seguro que enfrentar novamente um terremoto.
   Abaixo , um video de como foi o terremoto num escritório em uma cidade próxima. Da pra ter uma idéia de como foi.




Local de trabalho



Entrada de onde trabalho

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