Vivo na província de Ibaraki há quase 20 anos. Ibaraki esta localizada na região de Kanto, que engloba outras 9 províncias , entre elas Tóquio. Desde que aqui cheguei os japoneses comentavam que essa era uma região segura por não ter grandes abalos sísmicos e estar praticamente fora da rota dos tufões. Também não existe nenhum vulcão. Mas tudo isso mudou no dia 11 de março.
Sempre acreditei no que falavam e desde a minha primeira vez em um terremoto nunca senti medo. Era apenas uma balançadinha , simples, muitas vezes quase impercepível. Muitas foram as vezes que nem sequer me levantei durante a noite para ficar atento durante um tremor. Sempre foi so uma tremidinha.
No dia 11 estava no meu apartamento , no terceiro andar , pois estava de folga no trabalho. Um dia como outro qualquer. Até as 14:46 quando começou o terremoto. De ínicio foi como toda vez, estava sentado assistindo a um vídeo no computador e o tremor ficando cada vez mais forte. Me levantei e corri para segurar meu aquário , pois há 5 anos quando o epicentro foi em Niigata, aqui também tremeu com relativa força e quase derrubou-o. Se o aquário tombasse, teria que arcar com os prejízos que a água causaria no apartamento do segundo andar. Era a única preocupação que eu tinha na hora!
Mas dessa vez era diferente, foi além de tudo que eu poderia imaginar. A cada segundo o tremor ficava muito mais intenso. O barulho que o terremoto gerava era uma coisa assustadora. O predio balançava de um lado para o outro, num movimento horizontal. Os móveis se moviam e tudo que estava sobre eles começou a despencar no chão. Minha única reação nesse momento foi entrar debaixo da mesa para proteger a cabeça dos objetos que caiam. Não houve nem tempo para pensar em sair do apartamento e descer as escadas. Fiquei ali, debaixo da mesa, estático. Com medo, um sentimento de impotencia. A sensação é estar num daqueles brinquedos radicais de parque de diversão, mas não tem nenhum controlador para parar aquilo.
Eu tinha duas vistas á partir do local que estava. Um era o canto superior do quarto , parecia que aquilo iria despencar a qualquer momento. A outra era o predio em frente ao meu. Vi uma mulher sair pela porta e tentar descer as escadas, mas não deu.. Ela se agarrou a grade de proteção e so largou quando parou o primeiro tremor! O terremoto foi intenso que voce perde o equilibrio, parece estar bebado. E isso não passa durante dias.
Quarto da minha filha |
Quando acabou o primeiro tremor, peguei os passaportes da familia, as cadernetas de banco e desci ate o estacionamento. Fiquei dentro do carro tentando telefonar para minha esposa e filha, mas era dificil completar a ligação. Foram quase 15 minutos até conseguir contactar minha filha e saber q estava tudo bem. logo depois consegui conversar com minha esposa!
Cozinha |
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Asfalto destruido |
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaCoIARmvWeAMvF0o45qrDTGAvnS2W60ZyfSJ8_9js84twJUekAT-27OwrdTi1fv0NyFjzOD6ZbNsXe-a4l0MXIBbCxQrXtABw4y_s4CeUcNxAJjjJHlpS_uISehaKQu4km2FlTDBv0OE/s320/20110312170218d4d.jpg)
Na cidade onde moro, não houve vitimas, mas muitos telhados e muros foram ao chão. O asfalto rachou, ficamos quase 3 dias sem agua e energia eletrica. O único meio de comunicação era o celular , quando esse funcionava. E ainda tinhamos que entrarem contato com os parentes do Brasil, informar que a gente tava inteiro.
Depois disso, ainda ocorreram diversos tremores. Nem nos arriscamos a dormir em casa. Dormir no carro em terreno aberto foi a solução encontrada. Um frio terrível, quase 0 graus durante a madrugada, porém muito mais seguro que enfrentar novamente um terremoto.
Abaixo , um video de como foi o terremoto num escritório em uma cidade próxima. Da pra ter uma idéia de como foi.
Local de trabalho |
Entrada de onde trabalho |
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